Reserva de emergência: qual a importância?

Você certamente já ouviu o ditado “não adianta trancar a porta depois do ladrão entrar”, o mesmo vale para as finanças da sua empresa. Não vale ficar se lamentando quando uma crise internacional ou mesmo local afetar os seus negócios, pois uma coisa é certa as mudanças sempre virão e as maiores normalmente se anunciam com momentos de muita tensão e stress do mercado. Intitula-se ao filosofo Heráclito a frase “nada é permanente, exceto a mudança”, logo prepare-se, ela virá.

Se você, assim como eu, acredita na força implacável das mudanças, talvez pense que quando ela chegar você será um dos mais adaptáveis dada sua mente e coração abertos. Contudo, sugiro deixar a confiança de quem já enfrentou diversos desafios e construiu sua empresa de sucesso de lado, e adotar medidas preventivas como constituir um fundo de reserva para emergências. 

Segundo pesquisa (03/2020) do CNDL-Confederação Nacional dos Lojistas e SPC menos da metade dos brasileiros tem o hábito de poupar, observa-se que essa prática transcende também para nossas empresas.

 Acostumado com crises o empreendedor brasileiro sabe que em tempos turbulentos os recursos ficam mais escassos, o dinheiro some, as taxas de juros e câmbio galopam da noite para o dia, clientes desaparecem e fornecedores atrasam pedidos.

Um fundo de reserva permite lidar com esses desafios com mais tranquilidade e até encontrar oportunidades valendo-se desta liquidez. Ele ainda será importante para negociar prazos com clientes e fornecedores, renegociar dívidas em instituições financeiras, tratar protestos e negativações. Enfim, tomar decisões difíceis em tempos de crise são sempre mais caras e arriscadas do que ter certa preparação e reserva para não sentir como se tivessem puxado o seu tapete.

Como calcular o fundo de reserva ideal?

Convencido de que uma reserva emergencial é um bom negócio? Então agora vem a pergunta? De quanto deve ser este reserva? A contabilidade prevê a reserva de capital e a reserva de lucro, mas não é disso que estamos falando. Trata-se aqui de uma reserva estratégica para enfrentar as desventuras do empreendedorismo e os riscos das mudanças no ambiente de negócios. Essa mensuração não é fácil e depende da condição atual de cada negócio.

 Normalmente se começa garantindo um horizonte curto de compromissos da empresa, seja uma semana de pagamentos, ou um mês de dívida bancária. O importante é iniciar com uma meta factível e tão logo alcançada aumentá-la até chegar a padrões de mercado, como um mês de faturamento.

Como conseguir mais recursos para o seu fundo de reserva?

Agora você deve estar pensando que se fosse fácil qualquer um faria. Certamente a vida do empresário é uma luta constante, então darei uma dica para ajudar no desafio de como conseguir mais recursos para o seu fundo de reserva.

Se sua empresa está funcionando há vários anos talvez você não pare para pensar no quanto de recursos você já investiu no seu negócio. Observe no balanço da firma o montante de capital que está alocado em clientes, estoques e fornecedores, aí está uma grande fonte de recursos normalmente negligenciada pela rotina comercial.

Administre atentamente os prazos de vendas, os níveis de estoque e despenda tempo conquistando prazo de pagamento com seus fornecedores, que naturalmente o seu capital de giro drenará precioso caixa para a firma.

Ler esse artigo já foi um primeiro passo,  agora construir a reserva é com você.

Bom trabalho e bons negócios. 

Cláudio Lustosa é  Mestre em Controladoria e Administração (2011) pela Universidade Federal do Ceará, MBA em Finanças Corporativas pela Saint Paul-SP (2015), Especialista em Negócios Internacionais (2006) pela Universidade Estadual do Ceará, e Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (2004). Experiência profissional na área financeira há mais de 15 anos, com destaque para atuação em finanças corporativas nacionais e internacionais. Atualmente exerce o cargo de Gerente Financeiro e de Comércio Exterior do Grupo Aço Cearense.