Qual o momento ideal para fazer reposição de estoque de produtos na sua empresa?
Atualmente a grande maioria das empresas procuram a obtenção de uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes, e a oportunidade de atender os clientes prontamente no momento e na quantidade desejada é grandemente facilitada com a administração eficaz dos estoques.
Em todas as empresas, exceto as empresas típicas de prestação de serviço, os estoques representam componentes extremamente significativos, seja sob aspectos econômico-financeiros ou operacionais críticos. Nas empresas industriais ou comerciais, os materiais representam mais de 50% do custo do produto vendido, o que nos deixa concluir que os recursos financeiros alocados a estoques devam ser utilizados da forma mais racional possível.
Dentro desse contexto, a gestão e controle dos estoques está cada vez mais se tornando importante para as empresas. Saber repor o estoque de forma otimizada com os quantitativos adequados, planejando a data ideal para recebimento do produto, maximizando o nível de serviço para os clientes e gerando o mínimo de impacto financeiro nos estoques passou a ser um grande diferencial competitivo para as organizações.
Quando realizar a reposição de estoque dos produtos?
Eu poderia passar horas comentando teorias e mais teorias subjetivas a respeito do momento ideal para repor o estoque, mas quando se trata desse tema estamos nos referindo a uma fórmula matemática bem simples chamada de Ponto de Ressuprimento:
Onde:
PR = Ponto de Ressuprimento;
D = Demanda Mensal;
TR = Tempo de Reposição ou lead time em meses.
ES = Estoque de Segurança.
Essa quantidade de estoque mantida no ponto de pedido (ou ressuprimento) deve ser suficiente para atender à demanda pelo item durante seu tempo de ressuprimento, somado a um nível de segurança, que serve para absorver variações na demanda durante o tempo de ressuprimento.
Com relação ao estoque de segurança, eles têm por objetivo fazer frente a incertezas no processo de transformação. As razões para o uso de estoques de segurança podem ser incertezas quanto à fase de fornecimento do item, quanto ao processo que o produz ou quanto a sua demanda.
Uma observação importante com relação à demanda colocada, é que quando a demanda for variável, deve-se utilizar uma demanda média e o mesmo vale para o tempo de atendimento, quando for variável.
Quanto comprar para repor o estoque?
Nesse momento estamos nos referindo a quantidade ideal para fazer a reposição do estoque, nesse caso devem ser considerados alguns aspectos, tais como:
– Capacidade de armazenamento: é muito importante que a quantidade que será comprada para repor o estoque esteja dentro da capacidade atual de armazenamento para esse produto, inclusive com margem de segurança para absorver pequenas antecipações de entrega.
– Definição do nível de estoque e/ou cobertura definida para o produto: a quantidade solicitada para reposição do estoque está diretamente relacionada à demanda, nível de estoque e cobertura definido para o produto. Produtos que possuem alta demanda ou que estrategicamente mantêm níveis de estoque maiores terão quantidades de reposição mais elevadas.
– Valor de consumo dos produtos: nesse ponto podemos utilizar o bom e velho pareto através da curva ABC, ou seja, produtos com baixo valor agregado é recomendado comprar quantidade maiores e produtos com alto valor agregado comprar quantidade menores de forma a reduzir o impacto no capital de giro da empresa.
– Custo de transporte (frete): a quantidade de produto a ser reposta deverá ter também como objetivo diluir o custo de transporte, repor quantidades muito baixas gerando ociosidade nas cargas podem onerar consideravelmente o custo logístico. É recomendado agregar a maior quantidade possível de produtos de forma a utilizar a capacidade máxima do veículo e não gerar altos estoques em produtos específicos.
– Compras de oportunidade: em alguns momentos a quantidade a ser comprada poderá ser influenciada por promoções onde o preço do produto em determinado fornecedor está abaixo da média de mercado, nesse momento o gestor deverá avaliar a quantidade a ser comprada de forma a aproveitar a oportunidade sem gerar grandes impactos no estoque.
É boa prática ter uma política de tamanho de lote de compra de produtos, com o objetivo de nortear o planejamento dos estoques da empresa. Nesse momento, deve-se avaliar qual o nível ideal de estoque médio levando em consideração todos os pontos já citados anteriormente, bem como calcular o custo de oportunidade referente ao capital imobilizado nos estoques. O grande desafio é ter um alto nível de serviço para os clientes e, simultaneamente, manter o mínimo de capital impactado nos estoques. Atingir esse resultado vai exigir a implementação de inovações tecnológicas, aumentar o controle dos processos e entender cada vez mais a necessidade do cliente.
BIBLIOGRAFIA
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Autor: Paulo Graça – Coordenador de Materiais da SINOBRAS
Paulo é bacharel em Administração de Empresas pela UVA, possui MBA em Logística Empresarial pela FGV. Tem mais de 16 anos experiência na área de planejamento e controle de estoques e exerce a função de Coordenador de Materiais da SINOBRAS, onde trabalha há 8 anos.